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martes, 20 de noviembre de 2018

Sacerdote chinês: para a Igreja chinesa, nada mudou depois do acordo

Embora existam alguns elementos positivos - mas formais - o acordo parece ser uma vitória para a China, que detém o poder de redigir a lista de candidatos ao episcopado. Os bispos a quem a excomunhão foi levantada se comportam da mesma maneira que "quando eram ilegítimos". Um verdadeiro passo em frente seria o reconhecimento de bispos clandestinos e a constituição de uma verdadeira conferência episcopal que inclua pastores oficiais e não oficiais.
Pequim (AsiaNews) - Não há mudança visível na Igreja chinesa após o acordo entre Pequim e a Santa Sé. Isto é o que este sacerdote (oficial) da China central escreve quando se dirige a AsiaNews. Segundo o Pe. Zaoxu, a China "obteve o que queria": manter em suas mãos a lista de nomes dos candidatos ao episcopado. E os sete bispos reconciliados "não mostram outros princípios senão quando eram ilegítimos". Há, é claro, alguns elementos positivos, mas uma mudança real só pode ser obtida se os bispos atualmente clandestinos puderem se unir aos bispos oficiais em uma autêntica conferência episcopal chinesa. É por isso que o padre que escreve espera que, no futuro, esse tema - o reconhecimento dos bispos clandestinos - seja tratado o quanto antes nos futuros diálogos sino-vaticanos. O padre Zaoxu então estabelece uma curiosa comparação entre os diálogos comerciais entre a China e os Estados Unidos e aqueles entre a China e a Santa Sé.
Não se sabe ao certo quão significativas podem ser as funções do Acordo Provisório. Comparando o antes e o depois do Acordo, à primeira vista, na Igreja chinesa não há mudança visível. Há quem acredite que, uma vez firmado o acordo entre a China e o Vaticano, se espere alguma melhora ou agravamento da situação: o tempo pertence ao Senhor, e os resultados também estão em Suas mãos.
Outros pensam que o importante não é que o Acordo seja bom ou não, mas que cada um deve dedicar-se da melhor maneira possível ao serviço dos fiéis e à formação das comunidades paroquiais. Outros continuam a acreditar que o acordo foi assinado pelo Papa Francisco para que a Igreja chinesa possa verdadeiramente retomar o caminho da comunhão, sublinhando o seu caráter "pastoral". O Acordo pôs fim a um período de várias décadas, marcado pela situação de ilegalidade da Igreja na China. Após a assinatura do acordo, não haverá mais bispos ilegítimos. Além disso, pela primeira vez, a autoridade de governo do Santo Padre em relação à Igreja chinesa foi reconhecida por um governo ateísta: alguns enfatizam que não podemos admitir que isso seja um grande progresso.
Com o Acordo, o governo chinês obteve o que queria, nomeadamente para manter na Igreja Chinesa o poder de propor ao Papa a lista de nomes dos candidatos episcopais. Por outro lado, o tão aguardado pedido de legitimação dos sete bispos [excomungados] foi bem recebido pelo Santo Padre, que legitimou a todos. Isso resolveu a dor que esses bispos sentiram em sua consciência por muito tempo, além de ter posto fim à embaraçosa situação em que estava a fé na Igreja chinesa.
Eu ouvi dizer que depois do Acordo, o problema da comunhão dos bispos não oficiais continuará a ser tratado. A Conferência dos Bispos Chineses - sendo que os bispos clandestinos não participam dela por enquanto - ficou por muito tempo presa a uma existência meramente nominal ou instrumental, mas, na verdade, faltou conteúdo real. Somente quando incluir todos os bispos, sem excluir nenhum, sua existência terá um lugar real. Portanto, o trabalho a realizar após o Acordo é de extrema importância.
Em sua grande maioria, os sete bispos, embora legitimados, não mostram princípios diferentes de quando eram ilegítimos.
Depois do acordo, o futuro da Igreja chinesa só pode tomar duas direções possíveis: ou melhorará passo a passo, ou ficará pior a cada dia. Em ambos os casos, o rumo tomado no futuro dependerá totalmente da abertura ou fechamento das autoridades responsáveis.
As negociações pastorais entre a China e o Vaticano têm características semelhantes às negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos. Em frente ao Vaticano, a China goza de uma superioridade, enquanto contra os EUA parece inferior. E isso, por uma única razão: os EUA exigem que a China faça mudanças no setor econômico e militar. Isso poderia traçar um paralelo com a reivindicação do Vaticano, pedindo mudanças na liberdade religiosa.
Sem dúvida, a superioridade dos EUA sobre a China é semelhante à superioridade da China sobre o Vaticano. A impotência da China perante os EUA é comparável à do Vaticano antes da China.
O tempo é curto e, em virtude disso, mesmo quando a China tem 100 coisas que não quer, ainda tenta continuar as negociações com os Estados Unidos; mesmo quando o Vaticano tem 1000 coisas de que não gosta, está disposto a suportar humilhações para continuar as negociações. Essa é a política dos grandes: embora possam se encontrar em situações sem saída, fazem todo o possível para sobreviver e voltar à mesa de negociações.
Somos pequenos e não temos tanta paciência e sabedoria.
Fonte: Sacerdote chino: para la Iglesia china, nada ha cambiado después del acuerdo